Lagoa de tinquijada
Pasto das cabra lijêra
Siguino os rebãin donde vai
No pôço da catinguêra
Bem longe da casa dos pai
Dassanta burrêga marrã
Passava vigiano os rebãin
De seu sinhô todas manhã
E tomém as tarde intêra…
Se alevantava cuns aruvai
Curria pru chiquêro abria a portêra
Se ajuelhava pidia bença ao pai
Panhava o café o assuca e a
Chiculatêra
Botava água na cumbuca
E o balaizim de custura
Dispindurava na cintura
E rumpia facêra boian boian
Chiquê chiquê minhas cabrinha
Lambancêra
E as vêis ela se alembrava
Das moda qui seu pai cantava
E ôtras qui aprendeu nas fêra
E cuan a sêca chegava
As cabra ia prus fêcho
Qui ficava reservado
E a mucama assim dexava
De piligriná nos êxos
E vagá pelos cerrado
Seu pai lhe ricumendava
Vai nos pano tira uns lãin
Pega maiado e martelo (animais
De serviço)
Junta os trem cum tua mãe
Ela no casco eu in pêlo
Num carece tomá bãin
Basta ajeitá os cabelo
Junta a traia sinhazinha
Ferramenta côcho e prancha
Albarda os casco in martelo
Se o sinhô fô pirmitido
Inda hoje nois arrancha
No pôso do sete istrêlo
Foi lá qui nua dismancha
Qui ela cunheceu um tropêro
Moço e muito viajado
Nas istrada do sertão
Qui ali chegô cansado
Nua bespa de são juão
Dispois de tê arranchado
E agasaiado a tropa
Foi no ôi d'água tomô um bãin
E logo trocô de rôpa
Calçô um pá de butim
Novo e muito riluzente
Botô no bolso um jasmim
Um lenço branco e um pente
E preparado assim
Tava qui mitia mêdo
Fermoso feito um gaiêro
Xotano in noite de lua
Pelos alto dos lajêdo
Infestano as mão sua
Tinha cinco anel nos dêdo…
Já a foguêra tava acesa
Todo mundo no terrêro
Festejava são juão
Foi cuan intrô o tropêro
Feito um prinspe feiticêro
Foi aquele quilarão
O danado foi riscano
No terrêro feito um rai
Dassanta junto dos pai
Prêle foi se paxonano
Pois o turuna pachola
Qui tinha pauta cum cão
Mais pió qui ua pistola
Qui tinguin febre ispanhola
Chegô cua viola na mão
Uns conta quêles casô
Ôtros qui se imbrechô
Ôtros qui se ajuntô
Já ôtros qui num casô não.